25.12.12

Eu Quero! E tu?

Sabes que é só quereres. Que entre os silêncios e as palavras meias, basta uma destas, calibrada para a rendição e o assentimento. Que é mais do que suficiente, o exagerares o riso e alargares o passo na minha direcção. Uma carta à maneira antiga empertigada num selo; um telefonema; uma mensagem abreviada em que os polegares te fugiram e foste longe de mais. Sabes que me chega e sobra um abraço que evites apertado ou um beijo na cara a resvalar para a boca, embalando-me os sentidos atentos com promessas cumpriveis. É só quereres e eu caio-te nos braços com amplitude teatral, deixando que me dissolvas a pele com a língua e que a tua vontade impere por fim em mim numa fúria totalitária, mas doce. Sabes que uma palavra apenas me serve, ainda que desgarrada, truncada, encriptada e incorrecta, ou mesmo fugitiva e vagabunda, solta num grito de alforria. Espero um dia ser um alegre capricho teu e o objecto da tua preferência irresponsável, sujeita a critérios desmedidos. O meu desejo é circular e redundante: acaba sempre por voltar a casa e tem saudades, como um soldado ferido. É só quereres e deixarei que me confundas com o rebentar das ondas e que contabilizes e anotes, com astúcia de merceeiro e intuitos de salva-vidas, os rodopios do meu corpo em despejo sobre o teu. Eu, vinda e ida na sétima, às vezes na quadragésima, encharcando-te, desprevenido. É só quereres (sabes). E eu quero que tu o queiras (sabê-lo-ás?).
in umamoratrevido
 

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